Foi, ontem, aprovado, por unanimidade e com grande regozijo, o lançamento do concurso público internacional para a Empreitada Geral de Construção das Infraestruturas Primárias de Regularização de Caudais do Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato (AHFM Crato) – Barragem e Central Hidroelétrica do Pisão, pelo Conselho da Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), que se reuniu no Centro Cultural de Campo Maior.
Este é um momento histórico na vida do projeto, usualmente, conhecido como Barragem do Pisão, caracterizada por décadas de avanços e recuos, motivados por mudanças estratégicas, mas que nunca colocaram em causa a sua importância central quer para a região do Alto Alentejo como para o país. É por isso, um momento de grande simbolismo ao marcar o avanço material das operações que irão conduzir à construção.
O AHFM do Crato tem ocupado um lugar cimeiro na estratégia da CIMAA para todo o Alto Alentejo, corporizando a vontade, a união, a concertação e os esforços dos 15 municípios, que se alinham em torno deste projeto, cujo potencial ambiental, agrícola, económico e social, é superior a qualquer divergência política e partidária. Por outro lado, importa reforçar que a CIMAA, enquanto entidade gestora do projeto, trabalha desde o primeiro momento como uma equipa empenhada e rigorosa, provando a sua capacidade para gerir, não só, o maior investimento alguma vez realizado no Alto Alentejo, como um dos mais complexos projetos sob a alçada intermunicipal.
A abertura deste concurso público internacional, cujo projeto de execução atinge cerca de 70 milhões, inclui a própria parede da barragem e a central mini-hídrica, mas também outras infraestruturas dependentes como os acessos à barragem e à central, a torre de tomada de água, a galeria de derivação provisória, duas estações elevatórias (uma para abastecimento urbano e outra para rega do bloco do Crato), um descarregador de cheias e o desvio provisório do rio para permitir a construção da própria barragem. A altura máxima da barragem acima da fundação será de 54 metros e a albufeira criada terá 726 hectares de área inundada, totalizando 116,2 hectómetros quadrados de armazenamento total.
Significa também que, com sucesso, foram realizados todos os procedimentos necessários para a obtenção da Declaração de Impacto Ambiental, por parte da Agência Portuguesa do Ambiente, que impôs, entre outras ações, o ensaio hidráulico, num modelo reduzido da barragem à escala de 1:40, e que permitiu testar com sucesso o descarregador de cheias, avaliar a capacidade da barragem de controlar o fluxo de água, analisar a resistência da estrutura e validar o projeto hidráulico, realizado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
As vantagens da futura Barragem do Pisão para o Alto Alentejo são inegáveis pelas suas múltiplas valências. Desde logo, porque permitirá garantir o abastecimento de água a mais de 100 mil pessoas, mesmo em anos consecutivos de seca, como é expectável acontecer devido às alterações climáticas e trará uma capacidade de produção sustentável de energia, capaz de satisfazer mais de 50% nas necessidades de consumo energético de todo o Alto Alentejo, contribuindo para a redução da pegada de carbono e para concretização das metas do Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC). Por outro lado, a sua nova futura área de regadio garantirá ao Alto Alentejo uma agricultura mais sustentável ao utilizar novas técnicas nas culturas tradicionais e, simultaneamente, ao permitir a apostar na implementação de novas culturas, que serão um contributo importante para atingir a autossuficiência do território em termos de produção agrícola.
A próxima reunião do Conselho Intermunicipal tem lugar a 14 de setembro em Castelo de Vide.